A História de Vila Isabel

A História de Vila Isabel

Viveram na região os índios Tamoios que ocupavam diversos espaços onde hoje estão, além de Vila Isabel, Andaraí, Grajaú, Maracanã e a Floresta da Tijuca.

Foi com o ataque dos franceses, que os brancos chegaram até esse local, na época chamado de Fazenda do Macaco. O invasor vinha atrás do ouro estocado nos trapiches do porto do Rio de Janeiro. O comandante Duclerc não conseguiu entrar pela Baía de Guanabara com seus mil homens e navegando até Guaratiba, desembarcou e circundou por terra percorrendo Jacarepaguá, Engenho Novo, Vila Isabel, parando na Igreja de São Francisco Xavier e daí seguindo para Santa Tereza. Havia na época muito poucos imóveis na região, sendo de atividade rural pouco intensa e ainda ocupada por índios em 1710.

O bairro se formou primeiro como uma propriedade da Família Real, a Fazenda do Macaco. O Barão João Batista de Viana Drumond adquiriu e foi o empreendedor e arquiteto do primeiro loteamento de imóveis no Rio de Janeiro, dando o nome da princesa ao bairro assim surgido. A região estava abandonada devido ao surto de cólera no Rio e o projeto pode andar sem maiores especulações. Ali estão a tradicional Igreja de Nossa Senhora de Lourdes, é o Clube Vila Isabel, no Caminho do Macaco (Av. 28 de Setembro). A empreitada do corajoso Barão era capitaneada pela Companhia Arquitetônica, onde esse tinha como sócios  ilustres andarilhos cariocas: os médicos Visconde de Silva, Barão de S. Francisco Filho, e ninguém menos que Bezerra de Menezes, o médico dos pobres, político abolicionista. Ao que parece o bairro tinha uma vertente abolicionista entre seus proprietários, recebendo este o nome de ruas ligadas às leis de abolição e à princesa que assinara. O Boulevard (28 de Setembro) era o caminho de grandes figuras políticas em reuniões nos casarões.   

No bairro existia o campo para corrida de cavalos (Estádio do Maracanã), junto a rua Derby Clube. Também surgiu ali o primeiro Jardim Zoológico do país, onde o Barão empreendedor deu origem ao famoso Jogo do Bicho. Na verdade a intenção do mesmo era estimular a visitação dos animais e por essa razão criou o sorteio. A Praça 7 de março virou Praça Barão de Drumond em homenagem a esse grande andarilho carioca.

Fábrica de tecidos Confiança em Vila Isabel. Hoje é um supermercado e em sua volta existe ainda o casario baixo com imóveis que consistiam na época a vila operária.

 

Fábrica de tecidos Confiança em Vila Isabel e ao lado a vila operária.

As fábricas de tecido existentes na área, Confiança e América Fabril no Engenho Novo (hoje estão o Banco do Brasil, Asbac e Shopping Iguatemi), agitavam a vida econômica, esportiva e cultural. Os imóveis eram basicamente as vilas operárias com casas baixas e alguns casarões maiores. Surgiram ali alguns dos primeiros clubes a disputar os campeonatos cariocas, as batalhas de confete no carnaval e as inspirações de Noel Rosa, nascido na Rua Teodoro da Silva, onde há um prédio de apartamentos com seu nome, falando com sua musa  em seus versos: “Quando o apito/da fábrica de tecidos/vem ferir os meus ouvidos/eu me lembro de você”. O apito era da Fábrica Confiança de Tecidos, onde está o atual Supermercado Boulevard. A Avenida (Boulevard)  28 de setembro ( data da Lei do Ventre Livre) é assim chamada porque Vila Isabel estava na vanguarda da “Paris dos Trópicos”. Afinal, a idéia de dividir o ajuntamento urbano em quadrantes vinha de Paris e seu planejamento do Prefeito Haussman.

Boulevard 28 de Setembro, outrora o Caminho do Macaco, onde Duclerc encontrou resistência por parte dos índios. O Barão de Drumond ao adquirir as terras, fez circular os bondes para o centro da cidade, desenvolvendo seu empreendimento. 

O Barão estava na mão da história, fazendo do local outrora antes muito visitado por D. Pedro I, novamente ser lembrado, com o nome da princesa tão querida pelo povo. Essa parceria entre o empreendimento imobiliário (loteamento) e o transporte público (bondes) era comum na cidade e foi propulsora dos imóveis em expansão na cidade. Era o conceito de Morar Bem, com qualidade de vida.

Essa é uma vista antiga da Av. 28 de Setembro do bonde que iria para a Praça XV. Ali foi durante muito tempo, o ponto cem réis. Esse era o preço da passagem e naquele loca, o condutor “zerava” o relógio de controle, obrigando o passageiro (“belo tipo faceiro”) a pagar mais cem réis para continuar viagem. Comparando aos dias de hoje: Quando o bondinho de Santa Teresa chega ao Largo das Neves, o condutor pede outro valor de passagem(sessenta centavos de real).

Noel Rosa era um ilustre morador e freqüentador da vida noturna, deixando muitas lembranças no bairro que hoje homenageia seu poeta. Os bares procuram favorecer essa vida boêmia que hoje retorna através de nomes como o Capelinha (no ponto cem réis), o Petisco da Vila e a Parmê.

 

Um dos mais tradicionais bares da Vila, o Capelinha, homenageando seu poeta. O nome é devido ao formato da antiga máquina de café que mantinha a boa qualidade e o aroma para o cliente. Imperdível.

Hoje Vila Isabel é um dos bairros mais populosos e sua proximidade com o centro da cidade com fartura de transporte público o torna muito valorizado em termos de imóveis de porte médio.

Maracanã:

Esse bairro surgiu das propriedades que ficavam à margem do rio de mesmo nome. O rio, aparentemente manso, teve que ser contido diversas vezes em seguidas obras porque sua fúria de águas provenientes do Maciço da Tijuca se torna temerária quando das chuvas de verão. 

 

Obras do estádio do Maracanã. Produzido às pressas para a Copa de 50, foi um marco da engenharia brasileira.

O Estádio tem muitas histórias. Como estas vêm impregnadas da emoção do jogo nacional, algumas são tristes e outras são felizes. A mais triste foi a perda da Copa de 50 para os uruguaios. O estádio foi construído sobre a pista de corrida de cavalos com a maior urgência para aquela copa. Era o maior do mundo, tendo atingido 200 mil pessoas em algumas ocasiões. No seu ginásio, o Maracanazinho aconteceram grandes encontros nos festivais da MPB. Mas a frustração de seu início vice-campeão não apagou seu brilho. Hoje não se pode pensar em tal público em um lugar tão urbano, pois a logística e a segurança não permitiriam. Somando-se ao público do jogo há o deslocamento da população que mora ali e nos bairros vizinhos. Há simpáticas ruas com prédios de apartamentos misturados aos casarões do passado. Fala-se inclusive das gigantescas batalhas de confete da Rua Dona Luisa.

Os imóveis ainda são baratos na região.

Hoje sobrou a mística e a grande dúvida sobre o futuro do estádio. Demolir e depois reconstruir, ou adequar aos dias de hoje?

Destacamos:

A vida boêmia, que começou com Noel Rosa e seus companheiros, continua muito ativa. Os bares se modernizaram e oferecem vida noturna intensa no bairro de Vila Isabel.

Visita guiada ao Estádio do Maracanã.
Passeio pela avenida projetada (28 de Setembro) olhando seus imóveis e o comércio intenso.
Pesquisa: História da Ruas do Rio – Brasil Gerson