Após infestação de moscas, centro cirúrgico do Hospital Pedro Ernesto passa por assepsia

18/09/2011 08:47

As moscas dentro do centro cirúrgico: insetos podem contaminar instrumentos e causar infecções (Foto: Arte O Globo / Divulgação)

Após a infestação de moscas varejeiras que causou a suspensão de 16 cirurgias , funcionários do Hospital Universitário Pedro Ernesto, em Vila Isabel, estão fazendo, neste sábado, uma assepsia geral das dez salas do centro cirúrgico da unidade de saúde. Por causa da invasão dos insetos, dez salas de cirurgia da unidade precisaram ser interditadas.

De acordo com o vereador Paulo Pinheiro, vice-presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal, que conversou com a direção do hospital, as salas seguem interditadas para cirurgias eletivas e o centro cirúrgico será usado apenas em casos de pacientes internados no hospital que precisem de cirurgias de emergência. Ainda de acordo com o vereador, 20 cirurgias marcadas para a sexta-feira foram suspensas, quatro a mais que o informado antes pelo hospital.

- Conversei com a direção do hospital e me foi informado que o centro cirúrgico reabre na segunda-feira. Durante o trabalho de assepsia das salas, não foram encontrados focos de moscas. Mas é preciso se descobrir a origem desses vetores, porque é uma questão grave - afirma Paulo Pinheiro.

A Vigilância Sanitária Estadual informou, na tarde deste sábado, que fará uma inspeção no Pedro Ernesto na segunda-feira, para averiguar as condições de limpeza e funcionamento do Centro Cirúrgico do hospital.

Entre os pacientes que esperaram pelas operações havia vítimas de tumor cerebral, doenças cardíacas e urológicas. Na sexta, a assessoria de imprensa do Pedro Ernesto informou que a direção da unidade ainda não sabe as causas da invasão das varejeiras. Duas investigações internas foram abertas ontem para tentar identificar a origem do problema.

De acordo com o infectologista Alberto Chebabo, é inadmissível que um centro cirúrgico tenha moscas. Segundo ele, o risco de contaminação do paciente é alto, caso o ambiente não esteja livre de microorganismos, como bactérias e fungos.

- A mosca transmite uma série de bactérias pelas patas. Ela pousa em material orgânico, muitas vezes está com coliformes fecais. Se a mosca pousa num paciente que está sendo operado, pode contaminá-lo e, dependendo do caso, causar uma infecção grave - diz Chebabo.

Segundo funcionários do hospital, as varejeiras começaram a aparecer há menos de um ano, depois do início de obras no quinto andar do prédio, onde fica o centro cirúrgico. Na sexta-feira, as salas de cirurgia amanheceram infestadas de insetos e os médicos decidiram que não tinham condições de trabalhar naquela situação.

- Muitas vezes, quando estamos fazendo uma cirurgia, precisamos apagar as luzes e jogar um pano com éter e algodão nas moscas para afastá-las. Damos o nosso jeito. Cada um faz o que pode - lamentou um médico, que preferiu não se identificar.

Uma outra médica, que também pediu para não ser identificada, contou que, na semana passada, uma equipe precisou paralisar a cirurgia de um paciente com tumor cerebral para poder afastar as moscas:

- A equipe ficou colocando uma compressa com éter na cabeça do paciente.

Unidade continua sem fazer cirurgias

Funcionários do Pedro Ernesto dizem que, há algumas semanas, um foco de moscas foi identificado depois que um dos operários deixou uma quentinha com restos de comida no setor em obras. De acordo com a assessoria de imprensa da unidade, porém, na sexta-feira, pela primeira vez, apareceram moscas no hospital. A direção informou ainda que as cirurgias suspensas não eram consideradas de urgência. Casos graves poderiam ser tratados na maternidade. Segundo a direção, o centro cirúrgico voltará a funcionar assim que o problema for identificado - o que o hospital espera que ocorra neste fim de semana.

Com 44 mil metros quadrados de área construída, o Pedro Ernesto, um hospital de alta complexidade, tem 525 leitos. Em média, faz 25 cirurgias de rotina e outras dez de urgência por dia.

 
Fonte: O Globo

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