Casa de Vila Isabel

Casa de Vila Isabel

Quem observa a estrutura arquitetônica externa já percebe a antigüidade. Assim como ocorre no prédio da antiga fábrica, a fachada da Casa de Vila Isabel, que fica ao lado, também teve mantida toda sua arquitetura original.

A construção que hoje abriga a chamada Casa de Vila Isabel é conhecida pela maioria dos moradores da região como Casa do Barão, devido a uma lenda de que o Barão de Drummond teria morado ali na época em que fundou o bairro de Vila Isabel, anos antes da construção da fábrica. No período em que a fábrica funcionou, o prédio era conhecido como Palacete da Fábrica, servindo como moradia para o chefe da tecelagem e seus familiares. Desde que a fábrica fechou, em 1945, o antigo Palacete estava sendo mantido sem otimização do espaço, com instalações precárias e sem nenhum investimento. No entanto, em 2001, o Instituto Pão de Açúcar visitou o espaço e, considerando o bairro estratégico, resolveu restaurá-lo.

Hoje em dia o local é um centro cultural fervilhante. “Sempre desenvolvemos projetos próprios na Casa: Acordes da Vila , Culturarte, Futuro@eu, Nossa Língua Digital, Um passo a mais , Escola de Varejo e Esporte. E o desafio para 2008 foi transformar a casa num ativo da comunidade e dar continuidade aos projetos de música.”, é o que diz Rosana Vilarinho, da área de responsabilidade sócio-ambiental do Instituto. Dentre as iniciativas da Casa de Vila Isabel que mais beneficiam a comunidade local está a de promover parcerias para que ONGs utilizem as sala de aula e áreas de convivência com projetos sociais. “Também fazemos parcerias para a concessão do espaço para seminários, fóruns e formação de profissionais. Atualmente temos a parceria efetiva de duas ONGs (Instituto Primeiros Traços e Ong Abraçar) e Secretaria Municipal de Educação para formação de professores. Também realizamos toda última sexta de cada mês, o evento “Orquestra GPA convida…” no qual recebemos músicos para apresentações conjuntas e entendemos que este espaço oferecido à população em geral de forma gratuita seja um legado cultural que também vale a pena citar.”, palavras de Renata Gomide, gerente de desenvolvimento comunitário do Instituto.

Falando em legado, é importante dar ênfase ao fato de o apito ter voltado a soar há cerca de um mês, sendo também uma belíssima herança da fábrica. Enquanto Noel dizia que ele vinha lhe “ferir os ouvidos”, para os operários ele servia como guia. E hoje ainda se faz capaz de guiar, só que todos os moradores de uma região que sua centenária chaminé cor de barro viu crescer.

Quando a chaminé foi erguida, o jovem Thiago Rocha, integrante da orquestra da Casa de Vila Isabel, nem sonhava em nascer. Hoje ele afirma: “a música educa”. E diz mais: “Participar dos projetos da Casa deu uma guinada em minha vida, tanto familiar, como pessoal e profissional. O contato que temos aqui com a música é importantíssimo e hoje tenho uma educação que não tive oportunidade antes. Ter vindo para cá foi algo divino e no futuro isso será lembrado com carinho.”

Lenda ou não, Barão de Drummond ficaria orgulhoso e Noel talvez redimisse o apito.

Ana Helena Ribeiro Tavares

Matéria publicada na edição de Julho/08 do jornal de bairro “Correio Carioca”.